Analisando o conteúdo da
campanha de lingerie da marca HOPE, acreditamos que, se a mesma fosse produzida
com um homem ao invés da modelo Gisele Bündchen, mas que se mantesse a mesma
ideia, a campanha não funcionaria, pois no Brasil não existe uma cultura
preconceituosa para com os homens.
Devido a cultura imposta às mulheres
da ideia da submissão ao homem, percebemos uma posição bastante machista no
texto do comercial, porque fica evidente a apelação sexual quando mostra a
necessidade da mulher de estar de lingerie para chamar a atenção do homem e não
causar uma briga com as situações expostas nos comerciais de tv. A campanha
ressalta ainda mais os preconceitos aos quais as mulheres são expostas
diariamente, como dizer que a mulher não sabe dirigir, depende financeiramente
do homem e é extremamente consumista e inconsequente, e também reforça o
preconceito dos homens para com as sogras.
Acreditamos que a SPM (Secretaria de Políticas para as Mulheres)
tenha pedido a suspensão da campanha por esta ser machista, por colocar a
mulher como inferior perante ao homem e ressaltar todos os preconceitos que as
mulheres sofrem na sociedade. E principalmente por mostrar a mulher como um
produto, como mulher-objeto, sempre sem conteúdo, sem opinião.
Nós concordamos com a ação
da SPM, pois achamos a propaganda totalmente sem propósito, pois parece que a
lingerie está sendo vendida para os homens e não para as mulheres, porque não
acreditamos que as mulheres tenham gostado de se ver como a marca HOPE as
retratou na campanha.
Assista aos vídeos da
campanha aqui
Texto por Aline Fernandes,
Francelmo Soares, Kátia Vaz, Tiago Neves, Wesley Silva
Produção Audiovisual
Produção Audiovisual
Parabéns, pessoal, o texto está ótimo!
ResponderExcluirMuito obrigada, professor! =)
ExcluirBelo trabalho pessoal!
ResponderExcluirCom relação ao tema, apenas para enriquecer o trabalho e o debate, respeitosamente discordo da opinião, embora tenha sido voto vencido no meu grupo também...rs
A intervenção do Conar é algo inerente ao meio, está estabelecido por regras, portarias e legislação específica. Por outro lado, entendo que qualquer intervenção especialmente por parte do governo, salvo em raríssimos casos, mesmo que apenas um pedido de julgamento, é uma truculência e um atestado de alienação da maioria da população.
Não discordo que a publicidade é de mau gosto, porém, acredito que os consumidores devem se mobilizar por conta própria. Ora, com as ferramentas de comunicação que temos disponíveis hoje, a organização de um boicote que provocasse a queda de 1 ou 2 pontos percentuais nas vendas certamente levaria a empresa a repensar os conceitos desta publicidade.
Precisamos acordar da letargia e depender menos do governo ou de outros órgãos.
Apenas a título de curiosidade, trago o resultado do julgamento do caso no CONAR (www.conar.org.br), que embasa minha tese de que a organização de consumidores teria sido mais eficaz. vejam:
“RESPEITABILIDADE
“Gisele Bündchen – Hope ensina”
Representação nº 225/11
Autor: Conar, mediante queixa de consumidor Anunciante e agência: Hope e Giovanni+DraftFCB
Relatora: Conselheira Nelcina Tropardi
Primeira e Terceira Câmaras
Decisão: Arquivamento
Fundamento: Artigo 27, nº 1, letra “a” do Rice
Anunciante e agência enviaram defesa ao Conar, apelando para a evidente ironia e o bom humor da campanha, principalmente por ser estrelada por uma das mulheres mais reconhecidas e bem-sucedidas do mundo. Mencionam também o fato de a campanha ter recebido numerosas demonstrações públicas de apoio, tanto de consumidores quanto da imprensa.
A relatora iniciou seu voto escrevendo que é preciso reconhecer, em um caso como este, o que considerou “uma bela manifestação do processo de amadurecimento da democracia brasileira, onde os cidadãos saem a campo para manifestar sua indignação, seja pela campanha em si, seja pelas iniciativas pelo seu banimento”.
Para a relatora, a campanha “busca reter a atenção de um consumidor diariamente bombardeado por uma avalanche de informações e, para atingir esse objetivo de forma eficiente, vale-se do lúdico, da licença poética, brincando com estereótipos”. Ela identificou dois deles na campanha da Hope: o da mulher objeto e o do homem paspalho, facilmente manipulável por uma mulher sensual. “Mas será que esses clichês – ou a forma como foram retratados – fogem ou destoam do que o brasileiro rotineiramente vê na mídia em geral?”, pergunta-se a relatora.
Ela entendeu que não. “Os anúncios são caricaturais e pautados pelo bom humor, pela irreverência, são leves e sem qualquer ofensa à mulher ou ao homem brasileiro. Acredito que nós, cidadãos, temos discernimento para identificar o aspecto caricatural, o humor e a irreverência nessa campanha. Se gostamos ou não é outra discussão, mas penso que uma campanha não deve ser suspensa por seu eventual mau gosto, sob pena de tal decisão revestir-se de viés autoritário, qual seja, o da imposição da opinião ou do gosto de uns sobre o dos outros. Afinal de contas, aqueles que não gostam de determinada campanha publicitária sempre poderão, assim como fizeram no presente caso, manifestar seu repúdio, sua reprovação, em verdadeira demonstração do processo de amadurecimento da nossa democracia”.
Sua recomendação, pelo arquivamento da representação, foi aceito por unanimidade.”
Por fim, penso que qualquer intervenção de órgãos, governamentais, repito, salvo raras exceções, em determinados setores da sociedade apenas demonstra a necessidade de que “alguém” cuide de nós, eis que ainda não podemos "pensar sozinhos".
Abração,
Jorge
Olá, Jorge! Muito interessante o julgamento do Conar. Podemos concordar ou discordar, mas é importante conhecer os argumentos para podermos discutir de forma embasada.
ExcluirVale apenas lembrar que o pedido de proibição da campanha foi feito pela Secretaria de Políticas para Mulheres atendendo a denúncias feitas por órgãos da sociedade civil, de modo que não foi uma iniciativa do governo.
Quando eu levei à nossa aula a campanha da HOPE, intuito realmente era causar polêmica e gerar debate, e fico contente de ver que esse intuito foi alcançado.
Abraços a todos, e parabéns pelo alto nível da discussão!
Tem razão professor!
ResponderExcluirSalvo engano, a SPM interviu pela reclamação de 6 pessoas. O que é pouco.
Acho que sou meio reacionário...rs. Não me agrada a intervenção do governo em determinado setores da sociedade, mesmo quando acionado. Acho que as 6 pessoas que foram reclamar deveriam ter pensado em outra forma, muito embora o direito delas acionarem o governo é legítimo.
Obrigado pelo espaço.
Abração!